top of page

O conceito de "Qualidade de Vida"

  • Foto do escritor: Marli Nunes
    Marli Nunes
  • 12 de ago. de 2021
  • 4 min de leitura

É interessante como nascemos, crescemos e vivemos sem muitas vezes perceber conscientemente se nossa vida está “boa” sob nossa perspectiva. A qualidade de vida é um constructo complexo e o conceito que melhor o define, proposto pela OMS (Organização Mundial da Saúde), é:

“a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da

cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus

objetivos, expectativas, padrões e preocupações”.

(Whoqol Group, 1995)

Este conceito possui uma multidimensionalidade que precisa ser observada pelo individuo em diferentes aspectos da vida como o bem-estar espiritual, físico, mental, psicológico e emocional, relacionamentos sociais (famílias e amigos), anseios básicos (saúde, educação, habitação, saneamento básico) e outras circunstâncias da vida (Fleck, 2008).


A refexão sobre Qualidade de vida e Bem Estar tem sido um campo vasto de estudos, apesar de ser um desafio para a realização de estudos empíricos por envolver influencias de humor nas respostas dos participantes. Estratégias metodológicas começaram a ser usadas para possibilitar resultados mais acurados sobre a avaliação do bem-estar. Todos estes estudos tem o intuito de descobrir a percepção da “satisfação pessoal” e à “felicidade” subjetiva dos indivíduos, o que trouxe um movimento chamado de Psicologia Positiva. Como resultado alguns aspectos positivos são percebidos de formas diferentes pelas pessoas, com maior ou menor intensidade, influenciados tanto pela cultura, valores e crenças pessoais e até mesmo localização geográfica. Os resultados chegam a mostrar que ao atingir um nível de bem estar, estudantes chegam a apresentar maior desempenho acadêmico. Para qualificar, foram identificadas cinco constituintes do bem-estar que impactam diretamente na percepção de cada indivíduo em sua singularidade: emoções positivas, relacionamento social, resiliência, realização e espiritualidade. O estado emocional positivo pela vida, sentido pelo indivíduo, é chamado de florescimento.

Em estudos de vários grupos de pessoas com variadas condições sociais e econômicas, o ponto mais marcante do estudo é que o que impacta na saúde, no bom funcionamento cerebral e no bem estar, está diretamente relacionado com o grau de satisfação do indivíduo de suas relações sociais e familiares. Todas as relações sociais, afetivas ou profissionais, têm um papel fundamental na construção e desenvolvimento da segurança e autonomia do indivíduo, além de estimular comportamentos altruístas, cooperativos e generosos. Estudos mostram que a percepção de exclusão e isolamento social, estão associados a diminuição da saúde mental e também a diminuição de percepção de bem-estar.


Desde que a criança chega ao mundo, a maior preocupação dos pais é dar “uma boa vida” a seus filhos, na grande maioria das famílias. Inicia-se uma jornada educativa e de desenvolvimento quando a criança começa a ir para a escola, estímulos de formações e cursos extracurriculares para que este indivíduo tenha conteúdo necessário para enfrentar a vida e ser feliz. Mas será que as famílias estão realmente formando estes indivíduos para se relacionarem e serem capazes de perceber se suas relações e resultados com a vida são satisfatórios? A cada dia que passa se observa uma busca frenética do ser em encontrar seu lugar de sucesso e reconhecimento financeiro, mas as vertentes que levam a felicidade abrangem muito mais que um olhar para um crescimento profissional.


O que quero provocar aqui é uma reflexão de como estarmos atentos a tantas nuances desta vida moderna atual, percebendo realmente o nosso bem estar e dos nossos filhos, e destas percepções, realizar ações que vão de encontro ao equilíbrio da liberdade de ser e de se relacionar qualitativamente.


Valorizar as relações, ser resiliente, ter respeito e cooperação, ter gratidão na vida, ver o lado positivo das coisas são grandes aprendizados para a promoção do bem estar e qualidade de vida, que precisam nutridos e estimulados desde a infância. Acredito muito na mudança e transformação do ser através de uma nova educação promovida pelos pais e educadores às crianças que estão chegando.


A percepção e reconhecimento das emoções positivas que traz respostas a estímulos com muito mais intensidade como as conquistas e recompensas. A forma de reconhecer estas emoções positivas está ligada às experiências que são transformadas em memórias afetivas positivas ou negativas durante a vida. O reconhecimento da melhor parte da vida está atrelado a recordações do passado. À medida que o indivíduo vai percebendo positivamente sua vida, menos peso dará um a um evento negativo e melhor irá se recuperar deste evento estressor.


O que vejo como maior desafio desta percepção positiva das emoções, é sair deste automatismo que as pessoas se lançam nesta vida moderna, e que impede de criar um olhar crítico da realidade. O condicionamento automático da vida, formada por uma repetição de rotinas da vida, pode ser nocivo se não ficarmos atentos aos nossos sentimentos e intuições e para a essência que veio com nossos filhos desde o nascimento.


A falta da percepção e do questionamento do ser sobre o que o faz feliz, é um fator muito importante a ser considerado e que pode levar o indivíduo a diferentes graus de distúrbios mentais e comportamentais impactando significativamente em sua saúde mental. Em todo o mundo, o transtorno mental tem sido reconhecido como um sério problema de saúde pública impactando na diminuição da qualidade de vida, isolamento social e produtividade, o que diminui sua autonomia e sua percepção de satisfação com a vida.


Diversos fatores podem levar o indivíduo a não ter uma percepção positiva de sua vida e suas emoções. O medo e resistência a mudanças, a forma como a sociedade estabelece cultural e socialmente seu padrão de vida, a integridade física e mental, são fatores que podem ser levar o indivíduo a permanecer paralisado em suas dificuldades com a vida, sem percepção clara de sua própria realidade.


Além de fatores sociais e emocionais, a localização geográfica também pode influenciar a percepção de felicidade. Em um estudo realizado em 2011, demonstrou-se que, por meio de imagem por ressonância magnética funcional, pessoas que vivem na cidade apresentam maior ativação da amígdala (região onde se avalia ameaças sociais). A poluição gera níveis de ansiedade e irritação das pessoas aumentando a prevalência de distúrbios mentais e impactos em sua percepção de bem estar e qualidade de vida.



Mas só perceber as emoções não mobiliza o indivíduo a mudanças de padrão e comportamento. É importante que seja realizado uma avaliação cognitiva da circunstância vivida, direcionar estratégias cognitivas e comportamentais para o controle do evento, e reavaliar as estratégias caso necessário, ainda é um desafio social e científico. Qualidade de vida não é algo a ser alcançado, um objeto de desejo, e sim uma percepção de algo que já está presente na vida do ser humano e que precisa ser acessado quando se encontra o florescimento.

 
 
 

Contatos

  • Facebook - White Circle
  • Instagram - White Circle
  • LinkedIn - Círculo Branco
  • Whatsapp

​© 2021 Moksha Mentoria

bottom of page